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A minha vida não se aparece nada com o que achei, um dia, que ela seria. Passei muito tempo dos 20 a tentar encaixar-me num molde que não me servia. A desiludir-me porque nunca cabia dentro das minhas espectativas. Tornei tudo muito mais difícil. Fechei muitas portas. E fechei-me a muitas pessoas. Não podemos ser muito para os outros, se não formos nada para nós. Custou, mas aprendi.
Os 20's foram muito mais difíceis do que deviam, porque eu os fiz difíceis.
Foi preciso muita força para derrubar as barreiras e deitar por terra as ideias pré feitas e sonhar sonhos novos. Estabelecer novas metas, fazer novas amizades e fazer-me disponível para viver e para amar. Chegar a mim.
Envelhecer está a ser o melhor que me podia acontecer. Conhecer-me. Aprender a amar-me. Cair muitas vezes de cabeça. Ser cabeça dura. Ter o coração na boca, e a boca no mundo. Fazer as pazes com a vida que nunca vou ter, que nunca existiu. Perceber quais são os defeitos e as qualidades que sustentam a minha casa.
Entro hoje nos 30. A minha vida não se parece nada com o que achei que ela seria. E, isto é a maior e melhor descoberta que fiz até hoje; a vida só é boa assim: inesperada e inquieta para ser vivida.
Trago um frasco de lágrimas por chorar debaixo do braço. Trago também, ao peito, os amores que deixei morrer, mas, não soube largar.
Trago tudo o que não engulo, nem mastigo, ao colo na esperança de o digerir sem lhe sentir o sabor amargo na boca.
Trago-te no coração, não dentro, á porta. Sei que o nosso amor já defenhou, mas só te hei-de carpir no dia, em que, por azar, deixar cair o pote e tiver que seguir de braços vazios e olhos molhados.
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