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A sociedade, os órgãos de poder, tem que parar de projetar os seus medos e cresças na vida e na realidade dos outros.
As minhas decisões, na minha realidade, quase sempre privilegiada, não podem definir a vida e as escolhas dos outros.
Dar opção, dar escolha não pode ser sempre limitado pelo que os outros, pelo que eu, tão cheia de mim e de moralismo, acham aceitável.
Pelo eu faria se... A minha vida as minhas escolhas. A tua vida, as tuas escolhas.
E, hoje é mais um dia em que esta simples ideia não pode ser alcançada: A minha vida as minhas escolhas. A tua vida, as tuas escolhas.
- Mas, vais ficar aí muito tempo? - perguntou ele.
Tinha o telefone em altifalante. Estava a pintar as unhas. Escuro. Sempre de escuro.
Olha em redor. As palavras dele ainda ecoam no quarto pequeno e pouco decorado.
Os seus olhos pousam por momentos nas duas plantas, estranhamente felizes e verdes, pousadas sobre um monte de livros por arrumar, ao lado da janela ainda aberta.
Pinta a unha do dedo mindinho com alguma surpreendente previsão enquanto respira fundo.
- Comprei duas plantas no domingo passado.
A frase respondia à pergunta. Achava ela.
- Não precisas de mentir - não era uma acusação. Mas, fe-la pensar que ele, decerto, não tinha percebido a resposta.
- Não estou a mentir. Comprei mesmo duas plantas - faz uma pausa para fechar o frasco pequenino de verniz - e, sabes que tenho que ir até ao fim. Onde quer que isso seja. Estou a aprender a confiar no processo... O que quer que isso seja.
Ele respirou fundo.
- Ok. Amanhã ligo-te.
Desligou sem esperar que ela lhe dissesse mais alguma coisa.
Ele não ligou. Ela não esperava que ele o fizesse. E estava tudo bem. Fazia parte do caminho. E, agora ela confiava no processo - o que quer que isso fosse.
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