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Todas as minhas dores são, inevitavelmente, passadas a papel. Escreve-las ajuda-me a alivia-las, a lidar com elas e quem sabe, na melhor e mais irreal das hipóteses, a esquece-las.
Escrevo, alimento as fomes alheias, enquanto em mim morre a dor e se amainam as lágrimas que o meu corpo quer derramar.
Mas, há coisas que por mais que escreva, por mais que cozinhe, chore ou cante jamais conseguirei ultrapassar. Medos subjacentes há condição de existir, de ser, de amar.
Já vi o suficiente sobre a degradação humana. Sei como funciona, o que quer, o que leva e não mais devolve. Tenho dela ensinamentos e dores para uma vida.
Vi a mãe chorar por ela, o pai calar e cair com ela com ela no bolso e a irmã olha-la nos olhos de forma inquisidora e temerosa. E eu, munida de força que mascara o pavor que sinto, limito-me a carrega-los - a eles e a ela, às costas, em silêncio.
Pesa-me no coração e na alma, e rezo para a manter longe.
Mas, ela vive cá em casa, instalou-se e daqui não arreda pé. Basta-nos esperar que desapareça e todos estejamos vivos para o testemunhar.
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