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Todos por aqui sabem sou jornalista por vocação e paixão. Costumo dizer que, mesmo quando me sentia confusa, sempre soube o que na realidade queria fazer. Porque, sejamos francos, para além de juntar umas letras e escrever umas coisas, não sei fazer muito mais.
Nos dias bons, gosto de pensar que tenho talento. Porém, mesmo que não o tenha, sou apaixonada pelas letras, pela rádio, pela comunicação e pelas pessoas em geral, logo com esforço sempre levo o caso a bom porto.
Hoje, à hora de jantar estive a ver a reportagem da SIC, sobre professores desempregados. E, com toda a sinceridade, tive imensa vontade de chorar. Senti-me próxima - tão próxima das suas frustrações, o mesmo atar de mãos e pés, a mesma dor, os mesmos sonhos caídos por terra...
Só gostaríamos de fazer aquilo que gostamos - o que, ao fim e ao cabo, faz de nós quem somos, o que nos enche as medidas e o coração. Será pedir muito?
No fim da reportagem, perguntei ao meu pai, em tom de mágoa, se os políticos não saiam à rua. Se não andavam a pé, entre o povo, e não iam ao pão ou levar os filhos à escola. Tinha esperança que eles vissem a falta de esperança nos rostos daqueles a quem é negada a forma de subsistir. O meu progenitor, aquele que sempre me protege, respondeu-me no mesmo tom que tinha usado: “Não me parece que o façam. Têm empregados para isso”.
Anui em silêncio. Talvez esta seja a resposta: não nos sabemos pôr na pele uns dos outros. Não sabemos compreender aqueles que estão, teoricamente, abaixo de nós. E, quando nos alcançam, fazemos tudo para eles descerem do nosso degrau, e voltarem ao chão, voltarem à mágoa. E assim, anda Portugal por estes dias, no chão, total e irrevogavelmente amargurado.
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