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Total e irrevogavelmente amargurado

por Marina Ricardo, em 05.11.12

Todos por aqui sabem sou jornalista por vocação e paixão. Costumo dizer que, mesmo quando me sentia confusa, sempre soube o que na realidade queria fazer. Porque, sejamos francos, para além de juntar umas letras e escrever umas coisas, não sei fazer muito mais.

Nos dias bons, gosto de pensar que tenho talento. Porém, mesmo que não o tenha, sou apaixonada pelas letras, pela rádio, pela comunicação e pelas pessoas em geral, logo com esforço sempre levo o caso a bom porto.

Hoje, à hora de jantar estive a ver a reportagem da SIC, sobre professores desempregados. E, com toda a sinceridade, tive imensa vontade de chorar.  Senti-me próxima - tão próxima das suas frustrações, o mesmo atar de mãos e pés, a mesma dor, os mesmos sonhos caídos por terra...

Só gostaríamos de fazer aquilo que gostamos - o que, ao fim e ao cabo, faz de nós quem somos, o que nos enche as medidas e o coração. Será pedir muito?

No fim da reportagem, perguntei ao meu pai, em tom de mágoa, se os políticos não saiam à rua. Se não andavam a pé, entre o povo, e não iam ao pão ou levar  os filhos à escola. Tinha esperança que eles vissem a falta de esperança nos rostos daqueles a quem é negada a forma de subsistir. O meu progenitor, aquele que sempre me protege, respondeu-me no mesmo tom que tinha usado: “Não me parece que  o façam. Têm empregados para isso”.

Anui em silêncio. Talvez esta seja a resposta: não nos sabemos pôr na pele uns dos outros. Não sabemos compreender aqueles que estão, teoricamente, abaixo de nós. E, quando nos alcançam, fazemos tudo para eles descerem do nosso degrau, e voltarem ao chão, voltarem à mágoa. E assim, anda Portugal por estes dias, no chão, total e irrevogavelmente amargurado.

 

publicado às 02:47


11 comentários

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De infinityandbeyond a 05.11.2012 às 12:44

Se há uma coisa que as medidas que este governo põe em prática atestam, é que a classe política não faz a mínima ideia (e nem quer saber) do que se passa no dia a dia do cidadão comum. Mas isso não é um problema deste executivo, é um problema da classe política nacional, que na sua maioria nasceu em berço de ouro, construiu um curriculum à base de favores e que conseguiu chegar ao governo do nosso país sem nunca terem tido um trabalho normal na vida.
Compreendo a tua frustração, Marina. Também eu sou licenciada em Comunicação, pela UP, mas fiz a especialização em assessoria e trabalho nessa área. É muito triste vermos os nossos sonhos a serem desprezados desta maneira, mas não nos resta outra solução além de lutar e ter esperança num amanhã melhor.

Beijinho e boa sorte! *
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De Marina Ricardo a 06.11.2012 às 01:16

Tens toda a razão: é um problema da classe política. Nenhum politico conhce a realidade, o dia a dia, do povo que governa. A realidade deles, não é de todo a nossa - nem por sombras. E, enquanto assim for, não conseguiremos andar em frente, de forma justa.
Muito Obrigada pelas tuas palavras. Boa sorte para ti também.
Esperança ainda não em falta! :)

Beijinhos*

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