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- Não és muito boa a responder a mensagens, pois não...?
A pergunta saiu muito antes de eu gostar de a fazer.
Era quase sempre assim. Primeiro perguntava, depois arrependia-me. Tentei sorrir. Mas, não me pareceu ter grande secesso.
Alma deu um passo atrás.
- Acho que não... – respondeu de forma vaga. Não se queria comprometer.
Ao longe a discussão entre a mãe e os miúdos continuava, agora uns decibéis mais alto.
- Vou andando... - disse apontando para a rua.
Perdido por dez….
- Achas que alguma vez teríamos resultado? – dei um passo em frente, voltando a manter a distância mais curta entre nós.
- Gui.... – disse baixinho, encolhendo os ombros, - Por favor...
Alma ia arrumar uma mecha de cabelo trás da orelha, vi-lhe a mão erguer-se. Agarrei-lhe o pulso antes de me conseguir conter.
Boa.
- Responde – pedi novamente. Certifiquei-me que a minha mão não a apertava demais. Queria parecer o mais neutro possível. Não me sentia neutro há muito tempo….
Vi-a respirar fundo. Fugia com o olhar. Também não a queria olhar nos olhos. Ambos sabíamos o que isso podia significar.
- O que queres que te responda? – fechou os olhos por um momento. - Não sei...
- Al... – olhei o mar. Era mais fácil assim.
- Não sei. Estivemos sempre em tempos muito diferentes. Quando tu estavas pronto eu não estava. E, quando eu estava pronta para uma relação já não havia sequer essa dúvida... Por isso, não sei.
Estava irritava. Era fácil de perceber porquê.
A minha grande boca…
- Eu tinha que me resolver antes de pensar sequer em estar com alguém, Gui. – falava muto devagar. Sentia-me um miúdo, a quem precisavam de explicar tudo muito lentamente.
Olhei novamente para ela.
- Mas, que importa isso agora? Estás quase casado e feliz. – estava a sorrir, mas não tinha vontade de o fazer.
És tão besta, Guilherme.
- Deixa-me ir embora – pediu enquanto sacudiu o braço. Larguei-a.
- Adeus, Guilherme - disse dando largos passos em direção à rua.
Não lhe respondi. Mas, Alma também não ficou à espera da resposta.
Fiquei parado no mesmo lugar enquanto a mãe dava mais um grito estridente aos miúdos.
Esfreguei a cara com veemência. Como quem não quer acordar.
A minha grande boca…
És tão besta, Guilherme.
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