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Sentei-me no chão da varanda. Guilherme estava muito direito, sentado na cadeira de plástico desgastada pelo sol. Olhava fixamente para o fluxo lento de carros naquela rua secundária.
Ainda me estava a perguntar por que razão lhe tinha aberto a porta.
Tirei um cigarro do maço que trazia no bolso. Remexi novamente no bolso das calças à procura do isqueiro.
- Não sabia que fumavas- disse olhando para mim. Parecia cansado.
Encolhi os ombros segurando o cigarro entre os dedos.
- Tenho uma personalidade ligeiramente obsessiva – ri-me olhando para o maço pousado ao lado dos meus pés descalços. – Sempre soube que se experimentasse ia ficar viciada.
- Então, porque experimentas-te?
Guilherme era um misto de confusão e surpresa. Talvez sempre o tenha sido, e eu nunca tivesse dado conta.
- Há coisas que não consegues evitar – respondi olhando-o nos olhos. Ele sabia que eu não estava só a falar dos meus comportamentos tabagistas.
- Estás diferente – Não era uma pergunta.
- Era assim que eu sempre devia ter sido. Não me conheceste quando eu era eu…
Acendi o cigarro.
- Queres que vá embora?
- Gui porque viste?
O cigarro queimava lentamente por entre os meus dedos. Guilherme não respondeu.
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