Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ela ostentava uma pose segura, parecia saber perfeitamente o que fazia – ela fingia bem. Vestia um grosso casaco de inverno e estava levemente curvada para trás.
Pelo canto do olho viu-o aproximar-se. Ignorou a sua presença e continuou a disparar flashes.
A fachada do prédio não era nada do que ela precisava. Mas, na falta da foto e das declarações da empresa proprietária do armazém, nada melhor se podia arranjar.
Ela ajustou o ângulo da fotografia – já que não podia fazer mais nada, pelo menos que a imagem fosse boa.
Ele continuava a aproximar-se. “Não é nada contigo” pensava ela concentrando-se no seu trabalho.
- Boa tarde – soou atrás dela.
- Boa tarde - respondeu, afastando a máquina fotográfica do olho.
- Conseguiste as declarações de alguém? – quis ele saber.
Ela pareceu confusa. Porque quereria ela saber se ela conseguira ou não as declarações exclusivas dos representantes da empresa?
- Sou do Correio da Manhã – explicou.
Dois dedos de conversa. Más noticias e um lamento comum. Um trabalho inacabado para os dois.
Despediram-se, enquanto ela descobria uns lindos olhos azuis por detrás dos óculos de aros pretos.
Mais dois flashes, e ela atravessou a rua. As redacções são lugares confusos e que vivem de notícias e informações fresquinhas que têm de ser transportadas com brevidade.
Ela partiu de carro, ele dedicou-se às fotografias. Se a historia deles poderia ter sido diferente? Podia…. Mas o tempo é escasso e ela é especialista em histórias inacabadas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.