Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
É a esperança o sentimento mais bonito e puro de todos.
Não te quero chamar pelo nome, Essa intimidade dar-nos-ia confiança aos dois. De eu te conhecer e tu me achares tua.
Não tomemos a liberdade de darmos esse derradeiro passo em frente.
Se te cair nos braços, não mais me volto a erguer. Estamos ambos cientes disso.
Deixa-me fingir que não te sinto o aroma, o sabor salgado a mar, na boca. Que não me apertas o coração quando te penso. Que me entorpeces a mente quando te pressinto.
Deixa-me continuar a fingir, que não te tenho a respirar-me no pescoço, que não te guardo no bolso da camisa, imaculadamente branca. Que não te sinto, medo.
Tenho fugido muito do que sinto.
Sigo em frente, trabalho muito, e arumo tudo em caixinhas que adio abrir ou gerir.
Não tenho escrito. Porque não quero remexer no cenário arrumadinho que tenho criado.
Faço anos domingo. Mudo de local de trabalho segunda-feira.
Passei a manhã a despedir-me da minha equipa de trabalho, e enquanto tento faze-los parar de chorar, faço das tripas coração.
Faço anos domingo.
Mudo de local de trabalho segunda-feira.
Ano novo, vida nova.
A rotina e os lugares comuns fogem-me por entre os dedos esguios. Caem-me do colo, desarrumam-me a cabeça e abanam-me o coração.
Esqueci-me do conforto há muito, bicho inquieto.
Nunca fico aqui muito tempo...
É o mar em que me deito, á noite, na esperança de não acordar.
São os fantasmas que me beijam a pele, as ondas turvas que me acariciam o corpo.
São as trevas que fujo com sol alto. São as letras por escrever que carrego ao peito.
São as noites que passo em claro, deitada a teu lado, enquanto fujo de tudo o que não quero sentir.
Desamparo-me enquanto remexo em tudo o que sinto.
Se te escrever frases feitas, desculpa. Nunca sei o que dizer quando nos enlutamos por sonhos. Nem os meus, nem pelos alheios.
Se te menti e te disse que vamos ficar bem, desculpa. Não te queria enganar.
Só não sei o que dizer para me voltar a fazer sentido quando quero sentir por ti. Dividir destroços.
Nunca senti o futuro morrer dentro de mim. Só tenho dores figuradas e letras perdidas para parir.
Se te menti, desculpa. Só queria pintar o mundo de cor de rosa para que te mudasses para lá.
Espero que possas reconstruir a casa em breve. Eu ajudo, se quiseres.
Faço a lista de compras.
Ovos. Leite. Farinha. Peixe talvez. Acabava já ali. Reviro os olhos e deixo o tempo tomar conta dos espaços tão desordeiros onde vivo tão amiúde.
Acordo, desacordada. Saio a correr. Sempre desassossegada. Sempre acelerada.
Falho contigo. Sempre contigo.
Agendo um pedido de perdão.
Conto que entendas.
Chego atrasada. Sempre atrasada. Sempre desassossegada. Sempre acelerada.
Conto as horas. Talvez se me perder nelas te encontre mais cedo e possamos falhar juntos. Estou cansada deste desassossego onde, sempre atrasada, acabo em aceleração rumo a destinos onde falho sempre sozinha.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.