Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Não tinha férias desde outubro. E, desde aí, não trabalho menos de 10h por dia. Passo o dia a gritar e a dizer palavrões. E não passo um minuto quieta.
É certo que tenho bicho carpinteiro no corpo, mas principalmentete na cabeça.
Entro de ferias amanhã. Estou tão exausta que só queria massagens e dormir. On repeat.
Acontece queque tenho tudo marcado ao milímetro.
Descanso quando morrer!
Promeira paragem: Barcelona.
Tentei começar o ano com calma. Entrar com pés de lã, a meio gás.
Mas, esqueço-me sempre que sou pouco dada a calmas - que comigo é sempre com pressa, que já estamos atrasados.
Estou com uma gripe como há pouco me lembrava - dores no corpo, rouca, com a garganta em brasa, febril.
Andei a adiar a ida ao médico até ao máximo.
Hoje, depois de mais uma noite mal dormida, tive de me render.
3 dias de cama. Afinal, estamos mesmo começar devagar, devagarinho - e com cobertores à mistura.
Estive uma semana de férias e já tive as duas folgas semanais.
Amanhã regresso ao trabalho.
Volto a vestir a faceta forte e a cara cansada. Volto a só falar de trabalho, a sonhar só com o trabalho.
Voltam também as discussões barulhentas e sem sentido. Os problemas estúpidos. Voltam os telefonemas de trabalho a todas as horas do dia. Volta o MRP, as rupturas, as alocações, os clientes, o absentismos, os inventários...
Amanhão volto para o trabalho que me consome.
Acaba hoje a minha paz.
Por este andar vendo os polares no eBay ( há sempre países com outras estações que não o verão) e gasto o valor amealhado em fatos de banho e havaianas com padrão de pais-natal...
Tenho uma enorme dificuldade em ser a Marina. Marina só. Sem cargos e tarefas.
Sem ser a Marina que gere. A que resolve, a do trabalho, a da família, a dos amigos.
A Marina cansada. A que devia ter namorado a que devia de ir aqui, sair dali.
Ser só eu é difícil. Cansativo. Obriga-me a pensar em tudo o que não gosto de ser quando sou as outras Marinas.
Escrever faz-me ser eu. E, ser eu é doloroso. É obrigar-me a focar, a escolher, a tomar opções.
Só queira ser eu – só eu, outra vez.
Estou a ficar gripada. Ora estou a arder de calor, ora parece que estou dentro de uma arca congeladora, a -20ºC, tal é o frio que tenho. Daqui a nada não paro de espirrar e mal abro os olhos cheia de alergias que ficarei. Adoro o outono. Os céus de outono. E diospiros. O verão deu-me forças novas. Agora preciso das meias quentes e das chavenas de café a fomegar. Anda lá outono, estou à tua espara.
Na timeline do teu facebook já ninguém festeja ou anuncia a entrada no ensino superior.
"Quanto tempo falta para eu poder sair daqui. De vez...."
Termino hoje as férias. Regresso quarta-feira ao trabalho (amanhã estoude folga...).
Sinto-me tão eu como há muito não me sentia. Acordada. Focada. Feliz. Genuinamente feliz.
Sem estar exausta, ou a morrer de sono.
Sei que quando chegar à loja vou ter um choque qualquer de realidade e vou voltar a vestir a pele de guerreira que tenho enverado há meses. Porque sei que vou precisar dela. Porque a Marina leve que hoje vos escreve não é dura o suficiente.
Sei que esta aura de paz que criei é ténue como um nevoeiro e que pode desaparecer em breve. Mas, valeu a pena mergulhar e mergulhar dela 10 doces dias.
Pedi o medo de ler. Tenho tentado escrever. Tenho feito flores de papel. Enviado postais.
Voltei a lugares onde sou sempre feliz, voltei ao exercício. Equilibrei-me.
Tenho sido a Marina que sou, em vez da Marina que criei.
Foram umas valentes férias de mim, com regresso a mim mesma. É uma pena terem que acabar…
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.