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Sempre disse que ainda não me despedira do papel de estudante. Claro de empacotar os últimos três anos foi um sinal, mas nada que me pusesse em alerta.
“Ainda temos Setembro, e sempre precisas de uma canetita e de um caderno”, dizia-me uma vozinha quando pensava no assunto.
Receber o diploma de curso foi outro marco. “Pronto, acabei”. Porém o sentimento não se espalhara, nem com a incessante procura de trabalho.
Um destes dias, ao telefone, com uma (agora, ex) colega de casa, falávamos sobre o facto de ela sentir a nossa falta e de a cidade sem nós, as nossas aventuras e vozes, não ser a mesma. Nostálgica, sorri e disse-lhe apenas “ Eu vou visitar-te. Mais rápido do que imaginas”.
Não mais vou lá voltar como portadora no número mecanográfico 33777. Para a semana não vou fazer a mala. Nem inscrever-me nas turmas, nem escolher opções, nem propor projetos para as cadeiras de jornalismo ou para a UTAD TV. Não vou voltar para a Residência, nem vou adornar-lhe mais as paredes com post-it’s nem posters. As noitadas de risos e palermices, lá no quarto, acabaram.
Hoje, quando, às compras de material escolar, com minha irmã, percebi isso. Nada daquilo vai voltar – não mais. Ficam as recordações e o caderno novo, que hoje comprei para quebrar o sentimento de falta ( e de missão comprida) que tão depressa se instalou.
(Foto nossa, antiga...)
"Eu ainda vou ouvir falar de ti..."Grande jornalista e escritora Marina Ricardo", pessoa que fazia dos audiovisuais casa... Que fazia 1000 e uma coisa ao mesmo tempo ah... importante... Ainda tinha tempo para ajudar os outros… enfim... O teu dia deve ter 48h!"
A., a Caetanita do quarto grande, com a poltrona
Se estas paredes falassem contariam histórias que nós próprias desconheceríamos.
Contariam vidas em separado, suspiros das noites longas e palavras, matérias perdidas.
E risos, gargalhadas e piadas que nelas e por elas se perderam.
Se estas paredes falassem, pediriam que ficássemos. Para sempre. Aqui, juntas, nesta irmandade. Neste amor desmedido, neste constante cuidado que só a família tem.
Mas, estas paredes não falam. Estas paredes mal sabem que o que nos une é eterno. Que o que nos une, mesmo que a vida nos separe, ficará, permanecerá e trará sempre, sempre, sempre, boas memórias, amor e felicidade sem igual.
(Uma das paredes do meu quarto na Residência Caetano....)
Esta semana acabam as minhas aulas. Daqui a uns dias, meses talvez, se tudo correr como esperado e planeado, sou uma pessoa licenciada. Uma jornalista.
Esta semana, embora não definitivamente, saio de Vila Real… digo um até já prolongado a quem me tornou melhor, quem me fez ser quem realmente sou.
Esta semana, sou um misto de emoções. Tristeza e alegria. Emoção e sorrisos…
Esta semana, não quero que acabe…
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