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A minha vida, na vida dos outros

por Marina Ricardo, em 31.07.13

 ‘The last album was Teenage Dream. My joke is this one is going to be called Adult Reality (Doing Well In Therapy).’ It’s hard to disagree.

Katy Perry

publicado às 17:17

E Adormeci

por Marina Ricardo, em 17.07.13

Cortei o cabelo e durmo de janela aberta.

Esta podia se a introdução de qualquer outra vida que não a minha. Acontece que o destino quis que esta me pertencesse.

Mudei - esta é a verdade nua, crua e assustadora.

Às vezes (ainda) não me reconheço. Não me acho no espelho ou nas sombras da parede. Não me vejo nas fotografias nem nos adjetivos.

Encontro-me, antes, cá dentro - ardendo, com sede, com fome. Ou, então, calada e pequena, amedrontada pela falta de cabelo e pelos ladrões que podem entrar-me pela janela aberta.

Tenho medo de me perder neste labirinto espelhado e sinuoso que sou.  Medo de me levar de mim, de me esconder atrás de cabelos longos e janelas fechadas. Mas, também já houve um tempo em que não pintava as unhas, nem pintava os olhos. Houve tempos de tela branca, e de tela negra. 

Às vezes tenho medo. E, depois, lembro-me que deixei de ter medo quando, de cabelo curto, abri a janela e adormeci.



publicado às 00:07

Perdoem-me, mas, há merdas que têm de ser ditas.

por Marina Ricardo, em 15.07.13

A droga é uma merda. Não há outra maneira de pôr as coisas: a droga é mesmo uma merda. Não há sequer outra palavra a ser usada neste contexto. Dizer que droga é má não basta, dizer que é uma porcaria nunca será suficiente.

Lidei (e talvez ainda lide) com o drama da droga de perto. Sei o que faz, como faz e o que quer fazer.

Nunca se deixa de ser um dependente por se ter deixado a merda da droga. A droga apodera-se das pessoas, das famílias, vai ao cerne dos seres humanos e começa a cortar carne sã e necessária. Mata – a merda da droga mata mesmo. Mata mães, pais e filhos. Mata quem consome e quem vê o seu filho ser consumido por ela.

Não adianta dizermos que é só uma vez, que é só para experimentar: a merda está feita, e nós nela.

Por isso, não façam merda: afastem-se dela em passo de corrida. Sejam mais fortes e melhores que a merda da droga...

Porque não há outra palavra para descrever a droga. A droga é - mesmo -,uma merda.

 

A droga hoje levou mais, muitos mais. E levou também o Cory.

publicado às 00:00

Ainda não

por Marina Ricardo, em 12.07.13

Quis pinta-la porque as cores lhe sabiam bem ao sol. Assim, tomadas aos raios do entardecer, assim com a brisa rebelde vinda do mar.

Agitavam-se-lhe os cabelos e as cores expoliam-lhe nas veias, pelos poros, em redor do coração.

Presa a preto e branco, queria pintar tudo o que os olhos viam. Só não sabia como pintar o que estava por detrás dos olhos.

Queria pintar a alma, mas ainda não sabia o caminho. Ainda não. Ainda não. 

 

publicado às 00:00

Dear Jack,

por Marina Ricardo, em 08.07.13

publicado às 01:37

Portugal

por Marina Ricardo, em 03.07.13

publicado às 00:07

Jornalista de Supermercado #23

por Marina Ricardo, em 28.06.13

Ontem encontrei lá no trabalho a mãe de uma rapariga que andou comigo na escola. Algures no meio de uma troca de palavras rápida, perguntou-me “E os estudos?”.

Ora, respondi, claro está: “já os acabei”.

Com olhar assim para o triste, disse “ E o mestrado?”. Respondi, serena (ó que calma estava), “Sempre quis trabalhar na minha área primeiro antes de tirar o mestrado. Como ainda não trabalhei, estou aqui enquanto não arranjo nada na minha área.” (podia ter respondido “Estou a fazer dinheiro para ir ver o mundo”, mas, não ando por aí a contar os meus sonhos obscuros a pessoas que vejo uma vez de dez em dez anos).

Sorri-me de modo afetado, e mandou beijinhos à minha mãe. Agradeci, e ela apressou-se a ir embora.

Às vezes fico sem saber como reagir a estas perguntas. Há tantas ideias preconcebidas, tantos mitos... Tantas coisas que devemos ou não devemos fazer - leis que nos querem fazer cumprir.

Somos mais que um curso, mais que um nome. Somos um conjunto de coisas -a profissão  é só mais uma delas.



publicado às 00:00

**

por Marina Ricardo, em 27.06.13

publicado às 16:37

"A descoberta do mundo"

por Marina Ricardo, em 17.06.13

Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.
Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.

Clarice Lispector


publicado às 01:17

Frases Marinogenialmente Fantásticas #24

por Marina Ricardo, em 09.06.13

Tenho três escovas de dentes a uso, em casa. Uso as três – cada uma na sua vez, e acho isso normalíssimo…

 

publicado às 23:07


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