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Não vou a uma entrevista de emprego há meses. Na verdade não tento ir a uma entrevista de emprego há mais do que um par de meses.
Há bastante tempo que não envio emails cheios de esperança e fogo pra a caixa d entrada de um qualquer desconhecido que, muito provavelmente, não me vai responder.
Há menos de um ano, enviava dezenas de emails por semana – talvez até por dia, na tentativa de encontrar trabalho no jornalismo.
Depois, por falta de oferta válida (nem todos são sequer dignos de resposta) ou por falta de vontade minha o número de emails foi diminuindo até rarear.
Arranjei emprego e perdi a fé.
Comecei a viver outra vida, a adaptar-me a ela, a gostar dela e a sentir-me bem aqui. Assim.
Hoje, aqui, escrevo-vos (antes de digitar o texto a computador) num bloco de notas resgatado do tempo do estágio e com uma caneta que trouxe, por engano, do último inventário do trabalho. Um mix de coisas baralhadas derrama-se nestas páginas.
A mesma baralhação paira-me no peito.
Não costumo pensar muito amiúde no tempo, ou no tempo perdido. Considero que, estando a aprender e a viver nunca estou a perder tempo (além do mais, não é como se eu tivesse 30 anos. Não tenho. Ainda.)
Se o mundo está a perder uma jornalista com vontade de trabalhar? Sim. Mas, Portugal também está a ganhar uma operadora de caixa que bate records de rapidez.
O que faz esta minha balança equilibra-se é a família. Tenho a família aqui em casa, a dormir no quarto ao lado e não queria ir a mais lado nenhum quando estou aqui.
Se há empregos em Lisboa? Talvez. Ou nas ilhas? Pois, talvez.
Se eu quero trabalhar na área para a qual estudei? SIM Agora, faze-lo em qualquer lugar? Hum, pois. Hum…
Sempre disse, mesmo sem saber, que quero amar sempre mais alguma coisa do que a minha profissão. Amo escrever. Amo ser lida. Mas, amo mais os meus, aqueles que me permitem escrever (e ser lida). (E, sim, estou assutada. E tenho medo. E na minha cabeça ainda tenho 15 anos. E, sim, gosto da comodidade. E, também sou mais confusão do que a maior parte das pessoas).
Por isso, enquanto o meu trabalho durar (o que pode ser mais uma semana ou seis meses) não quero trocar o conforto das horas longas com os meus.
É egoísta. É pouco inteligente. É estúpido. Não se entende.
Nem eu me compreendo. Nem eu sei. Mas, não quero e isso eu sei.
Além do mais, o que imposta é escrever, e isso eu já faço – por amor, não por dinheiro.
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