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Há dez anos estava sentada na carpete fria do quarto.
Devia ter algum trabalho pendente. Mas, criei um blog.
Tinha 19 anos. Não fazia ideia para onde ia, nem como iria lá parar.
Ao longo destes dez anos já aqui escrevi muito feliz, perdida, triste de luto, em prantos, contente, com vontade, sem vontade nenhuma. Escrevi muito. Deixei de escrever. Sofri muito com ambas. Fui escrevendo.
Aqui deixei sonhos que larguei, que realizei e que mantenho ainda aqui, morninhos no regaço.
Aqui terminei de estudar, fiquei doente, arranjei trabalho, perdi o trabalho, arranjei trabalho, muto muito infeliz no trabalho e encontrei a minha paz.
Ao escrever aqui, cresci muito, conversei muito comigo. E conheci muita gente boa.
Nem toda a gente tem o seu crescimento por escrito. Eu sou uma das sortudas que o tem.
Sou muito grata por este espaço, por tudo significa para mim.
Escrever, por muito que, muitas vezes, me doa, faz-me muito feliz e é o grande ar da minha vida.
Tenho 29 anos. Ainda me sento muitas vezes na carpete do chão do quarto. Continuo sem saber pra onde vou, nem como vou lá parar. Mas, sei que, independentemente de tudo, não vou parar muito pelo caminho, e que em todas as pausas vou escrever.
Obrigada por estes 10 anos. Sou muito feliz por vos ter aqui.
Não mudava o visual do blog há anos. Muitos. Demasiados
Daí me parecer que estive anos a muda-lo...
(E a minha ferrugem nos programas de edição?!?!?!?!?! (inserir emoji choroso aqui)
Este blog fez este ano 8 anos.
Tinha 19 anos quando o criei. Em 8 anos o mundo, tal como o conhecia mudou. Ou eu mudei e trouxe-o comigo.
Já chorei muito aqui. Já me deram muito colo neste espaço.
Já deixei de escrever. Já me enlutei pelas palavras que não conseguia pôr no papel. Já me doeu a alma aqui. E, para dizer a verdade, já me doeu a alma muitas vezes e não conseguia vir aqui.
Este é o lugar onde me sinto mais fiel a mim mesma. Este blog é a minha alma por escrito, pendurada numa cruzeta virtual algures na internet.
Tenho falhado redondamente a tentativa de atualizar este blog todos os dias.
Passo o dia a escrever, dentro da minha cabeça, e quando chego a casa, não consigo escrever- ora por cansaço extremo, ora por mão me sair letra nenhuma de lado nenhum.
Sei bem que me recuso a escrever de forma dissimulada. Sei porque que é consciente, embora finja que não (me) percebo.
Minto a mim mesma e faço de conta que não tenho nada para dizer. E tenho – tenho um mundo para contar. Outro para descortinar – dentro de mim.
Demorei muito a aceitar os meus silêncios. As minhas páginas em branco. Os interregnos do blog. Tenho aprendido a dar-me espaço onde antes só haviam letras. Acho que isto deve ser crescer. E aceitar. Custa – mas, por agora, tem mesmo de ser.
Foi a Vera que escreveu, mas devia ter sido eu (mania de querer amar primeiro que eu!).
Foi a Vera que escreveu, mas, li-o como se fosse eu a escrever. Porque os sentimentos quando se partilham são assim: emaranhados, a meias.
Penso muito na Vera. Em como as nossas vidas malucas se complementam. Em como quase morri no dia em que ela casou. Em como partilhamos profissões loucas em áreas semelhantes.
Gosto de me lamentar com a Vera. Ela lê-me e dá-me colo. Colo enquanto tenho um dia horrível no trabalho, quando lhe confesso que não sou assim tão forte como me finjo.
Ela diz-me sempre que sou capaz. Que consigo. E tem razão: tenho conseguido mesmo.
Escrever-me neste blog, nos últimos meses, tem sido a maior e mais difícil empreitada a que me comprometi.
Mas, faço o que sempre tenho feito. Uma letra a seguir à outra. Por mim. Por ela. Por vocês.
Obrigada Vera. Obrigado por seres, tantas vezes, a voz solitária, e por escrito, da minha claque de apoio.
Obrigado a todos vocês, desse lado do ecrã.
Sou uma desnaturada.
O blog fez seis anos dia 18 e só me lembrei hoje. DEZ DIAS DEPOIS.
Culpa do cansaço, não da minha falta de compromisso para com este espaço.
Seis anos! Seis anos a escrever-me para vocês. Seis anos a lutar contra o tempo e contra as faltas de inspiração.
Seis anos, nossos.
Obrigada! Que venham mais seis!
Cinco anos. Hoje fazemos cinco anos.
Cinco anos de um dos projetos mais bonitos e mais felizes que construi.
Aqui estão os meus maiores segredos. Escritos à pressa, quase sempre pisando as mesmas teclas do coração e da alma atormentada.
Aqui estão as confissões que não faço. As letras com que me escrevo quando não penso. E as que penso quando não quero sentir.
Aqui, escritos, nestes muitos posts que compõem estes cinco anos, estou eu. Partida e gloriosa, destruída e feliz. Eu e o crescimento, os altos e baixos, dos últimos cinco anos.
É um prazer escrever. Um prazer ainda maior escrever para vocês - aqui.
Nunca sabemos ao certo a impressão que causamos nos outros. Claro que podemos ter umas luzes quando perguntamos, ou quando nos dizem.
Mas, na realidade, não são muitos os momentos em que temos a hipótese de sabermos como os outros se sentem em relação a nós.
A verdade é que, nem sempre, temos a hipótese de nos mostramos a todos os que gostariam que nos conhecessem.
Tem um blog é exatamente o contrário: mostramo-nos como somos, corpo, alma e letras, a quem nos quiser ler. É um contrassenso. No dia-a-dia escondemos, quando abrimos um separador de internet expomos tudo.
Aqui é fácil dizerem o que pensam de nós. Aqui é fácil sabermos a impressão que os outros têm de nós.
Este é um post de agradecimento. Agradeço-vos por me amarem, me respeitarem. Por me lerem, me apoiaram. Por me conhecerem e por estarem sempre por aqui quando os dias me correm menos bem. Por me dizerem que tudo se vai compor.
Agradeço-vos por entenderem os meus limites, e por mesmo assim me lerem sem reservas.
Sou grata - todos os dias, por este blog e pelas pessoas fantástica que me permitiu conhecer.
Sou grata por todos vocês. Sou-vos grata. Por tudo.
Obrigada. Obrigada por me levarem até aos 24 tão bem amada.
Já aqui disse, várias vezes, que nunca esperei que alguém me lesse.
Criei o blog para partilhar o que escrevia, mas, ao mesmo tempo, nunca pensei que tal fosse acontecer.
Em quatro anos de blog já me aconteceram coisas espetacular.
Já recebi emails do outro lado do oceano, já "inspirei" tatuagens, já recebi mensagens que me aquecerem o coração.
Fiz amizades por aqui. É impressionante. Pessoas que nunca me viram - nunca postei uma foto minha aqui. Conhecem-me pelo que penso, pelo que escrevo.
Estou muito perto de terminar o meu primeiro livro. Ainda tenho um longo caminho de letras a percorrer.
Mas, sinto-me grata. Grata pelas coisas boas que este blog já me trouxe.
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