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Sou um co(r)po meio cheio, vazio de tão cheio que está.
Estou a trabalhar há seis noites consecutivas - tenho a loja em obras.
Durmo pouco e mal durante o dia, portanto não estou própriamente no auge da minha vida.
Não sei em que dia estamos, nem que ano é.
Só sei que estou exausta. Muito. Muito. Muito...
Não tinha férias desde outubro. E, desde aí, não trabalho menos de 10h por dia. Passo o dia a gritar e a dizer palavrões. E não passo um minuto quieta.
É certo que tenho bicho carpinteiro no corpo, mas principalmentete na cabeça.
Entro de ferias amanhã. Estou tão exausta que só queria massagens e dormir. On repeat.
Acontece queque tenho tudo marcado ao milímetro.
Descanso quando morrer!
Promeira paragem: Barcelona.
Tenho saudades nossas. Sinto a minha falta, mais do que a tua, mas mesmo assim - quero-nos de volta. Pronto. Já disse.
Era mais confortável na tua certeza de quem eu era. Era mais fácil ser-se eu quando me davas os rótulos. As legendas. Eras feliz. E eu infeliz. Mas, éramos certos. Relógios suíços.
Estou casada de ser eu. Cansada de lutar pelo meu espaço.
Quero-te de volta - ocupavas os espaços todos e eu não precisava de existir.
Nunca me senti tão só. Mas, também nunca fui tão bem acompanhada por mim.
Trabalho num local onde, subitamente, ter opinião e personalidade se confundiu com mau feitio.
Como se verbalizar o que se pensa, trabalhar no que se acredita, ter empatia com a equipa e ser educado e compreensivo fosse ofensivo. Fraco. Mau.
É cada vez mais difícil. Para mim. Não para eles.
Tive aumento de salário.
Tive uma reunião para me comunicarem que tinha sido aumentada.
Sou mediana. Sou má chefe. E tive uma avaliação má – avaliação essa que não tive acesso, avaliação essa que foi feita por a minha anterior avaliação (em meados de Janeiro, de Muito Bom) ser inválida (ninguém me explica o grau de invalidez da mesma).
Comunicaram-me que tinha aumento, da mesma forma que me comunicariam que tenho uma doença qualquer. Insatisfeitos, contrariados. Como se devesse ter vergonha por isso.
E, eu, exausta disto tudo, ri-me. Porque sou péssima. E porque trabalho mais de sessenta horas semanais. E porque me ligam no mínimo oito vezes depois de sair da loja, e nas folgas. Por ser culpada de tudo. Por estar sempre em stress, por estar sempre a discutir. Por estar sempre a ser descredibilizada.
Rio-me de frustração, gozo e cansaço. Rio-me de mim. Por não saber desistir.
Tive um aumento de três dígitos. E, pelos vistos tenho que me sentir envergonhada por isso. Porque sou péssima.
Até quando vou aguentar este trabalho que me mata, me consome, me tira o sono e me adormeçe os sonhos?
A minha paz é uma faixa de céu. Uma tira mais ou menos larga, mais ou menos extensa. Ora de ar disperso, ora de ar condensado.
A minha paz é como a minha alma: fugidia, volátil. Confusa. Crescida e criança.
Perco a minha paz conforme o vento sopra e a alma se me dói. Perco a minha paz conforme me perco a mim: amiúde.
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