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Nova Crónica!
Porque as pessoas que amamos nunca vão parar de morrer, e nós vamos morrer sempre um bocadinho quando isso acontecer.
Não há melhor época do que esta. Não há. Tudo fica mais bonito, mais mágico, com mais cor e definitivamente com mais luz (e se há coisa que sou é apaixonada por luzes).
Amo o Natal como não amo outra época (ok, também gosto dos meus amos e das férias, quando tenho férias). Amo as árvores, os homens magrinhos, cheios de almofadas na barriga e barbas falsas a fazerem-se passar pelo Pai Natal, amo comprar presentes, amo o cheiro e o espirito deste tempo.
Sempre gostei – e isso nunca teve a ver com os presentes.
Compreendo que haja pessoas que não gostem do Natal, da mesma forma que espero sempre que me compreendam quando digo que odeio o Carnaval. Mas, no fim de contas, ninguém percebe porque não gosto do Carnaval (nem eu meus caros, nem eu) e não percebo patavina de quem não gosta do Natal.
Suponho, ou tento supor, que não gostar do Natal tem sempre a ver com o significado de família de cada um, ou, as memorias de um tempo passado mais frio que o inverno – esses inverno da memória.
Eu, porém, sempre que penso em Natal penso em coisas boas, sinto coisas boas. Lembro-me de ser criança (há alguma coisa melhor do que isso?), do cheiro a canela e a broa, a bacalhau a ser servido em travessas, da lareira, do calor, e, acima de tudo, do amor que se sente no ar. Penso em luvas e pão-de-ló, em rabanadas e aletria, em sorrisos de surpresa, em postais e azevinho.
Gosto, ainda hoje, de me sentar no chão da sala, coladinha à árvore, de luzes apagadas a ver aquele pisca-pisca de cores rápidas e frenéticas. Gosto de esvaziar a mente e ficar ali absorvida por tudo e por nada. É como ficar perdido, sem ficar, ou encontrar-se sem procurar.
Um dia destes, sentada nesse mundo mágico e pequenino, peguei no solitário presente que vive paredes meias com o presépio e abanei-o na esperança de perceber a quem se destinava. Algures vindo do outro lado da casa, ouvi a minha mãe rir-se e chamar-me criança. Diz ela que ainda não cresci ou então volto sempre atrás no tempo, neste tempo. Tem razão – deve ser por isso que o Natal ainda me é assim tão especial (e que seja assim para sempre - criança).
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