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Prometi-me escrever todos os dias. Ir a fundo. Vasculhar as letras que tenho acumulado debaixo das camas e nos cantos recônditos da alma e da cabeça.
Prometi, mas, não cumpri. Outra vez.
Estou a dar-me espaço. Para deixar os abcedarios se dissolverem em mim, para voltar a escrever. Para voltar a escrever em breve. Em breve...
Aos poucos o pensamento acalma. As palavras voltam e a alma descansa.
Há dança de letras por detrás dos meus olhos queimados pelo sol.
O mar embala-me os textos que hão-de vir enquanto me lava dos dias sem escrever.
Tenho medo de deixar de escrever, de deixar de saber como escrever. Como se escreve - com que letras me escrevo? De que letras sou feita?
Tenho medo de adormecer, dia após dia, rotina que mata, e esquecer-me de escrever. De me escrever. De me deixar ler.
Letras sem ler morrem. E eu morro de medo de (me) as deixar definhar.
Escrever neste blog sempre foi a melhor parte do meu dia. Não que os meus das fossem sempre (assim) tão desinteressantes, mas, aqui, sou tão real e ilimitada que é o climax.
Depois de passar o dia a correr, a resolver problemas e depois de trabalhar mais de 12h nada me daria mais gosto do que me sentar, me despir de mim, e escrever.
o sono tolda-me as letras, o cansaço rouba-me o tempo. A rotina rouba-me a minha grande paixão: escrever.
Vão doer-me sempre as palavras que não escrevo e as letras que não me brotam dos dedos.
Vão doer-me sempre as vidas que não vivo escrevendo e a vida que vivo sem escrever.
Sinto-me mais viva quando escrevo. Sinto adrenalina nas veias, paixão dos dedos. Sinto os meus pensamentos. Os meus mesmo, não aqueles que tenho agora. Da vida que tenho agora.
Escrever cava-me a essência e desenterra-me, despe-me, mata-me aos poucos – e quem me dera morrer sempre assim.
Continua a haver algo nas letras que me alimenta o ser, me dói e me faz amar. Há aquele contrassenso dos amores complicados e para a vida.
Escrever vai continuar a ser a chama que me incendeia, me queima e me faz querer continuar. Escrever continua a ser o grande amor da minha vida. Mesmo que a minha vida continue a procurar outros amores.
Há dias em que não consigo escrever. Muitos dias. Em que quero dizer tudo o que me entala a garganta e não sou capaz.
Sei que evito escrever, porque as palavras me deixam despida. Nua. Exposta.
Há tantos dias em que o que mais quero são agasalhos de mim. Quanto menos eu for, melhor.
Se dizem que pensar dói, deviam experimentar escrever. Não se pensam palavras. Pensamos ideias. E sonhos. Uns mais reais que outros.
Consigo bloquear a mente. Nunca soube bloquear as palavras.
Queria de novo aquele tempo em que tudo o que tinha que fazer era escrever.
As palavras brotam-lhe das prontas dos dedos. Dedos que estão ligados por finas linhas ao cérebro e dele ao coração. Escreve com o corpo todo. Com tudo o que tem no corpo quando, naqueles ínfimos minutos de magia e revolta tudo o que tem se concentra ali, nas pontas aqueles dedos.
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