Por cá
A vida tem-me presenteado com muitas pessoas boas. Pessoas especiais. Pessoas que fazem de mim especial, por elas seres tão especiais, se acercarem de mim.
Às vezes, na confusão dos dias, esqueço-me disto.
Obrigada por me (re)lembrarem disso.
Obrigada pelas palavras, ontem. E, pelas dos outros dias todos.
Apanhei uma virose. Ou então tive uma explosão de cansaço que nada teve a ver com bactérias e vírus (talvez seja eu o minha própria maleita).
Acordei, qual cana ao vento, cheia de tremores, suores, vômitos e dores musculares.
Eu sei...
Sei tudo. Penso muito sobre tudo o que me incomoda. Escolhi não escrever sobre, mas continuo a pensar.
Sei que trabalho demais. Sei que me comprometo a fazer demasiadas coisas. Que me envolvo demasiado. Que quero fazer tudo. Que expando sempre os meus limites. Mais um bocadinho. Mais um bocadinho. Só mais um bocadinho até o bocadinhos serem a anos-luz do meu limite. E, mesmo assim, arrasto-me só mais um bocadinho.
Tenho abdicado muito de mim. Tenho abdicado de tempo: pessoal familiar. Tenho deixado passar o tempo para relações, o meu tempo.
Deixei de escrever. Escrever é viver duas vezes. E, não estou a conseguir processar toda essa informação neste momento.
Há uns meses comecei a sentir-me mais confortável na minha vida. Mais resolvida. Principalmente no que ao trabalho diz respeito. Mais calma. Mais em paz.
Mas, há uma revolta que não adormece, uma chama que me percorre as veias, que me queima as entranhas.
Sinto-me exausta. Sinto-me arder.
Durante o ultimo ano afastei-me de muitas coisas que, tendencialmente, e por história, me faziam feliz.
Escrever foi a mais berrante.
Nao sei se parei por opção, ou se o meu corpo foi forçado, por qualquer forca divina. Escrever obriga-me a pensar. A sentir. Escrever é sentir duas vezes. E, quem anda a fugir nem uma vez quer sentir, fará duas.
Isto de ser adulto, de agir como tal, de sentir como tal é extremamente dificil.
Ser adulto no trabalho, ser forte para travarmos lutas que nen sabemos onde fomos buscar. Lidar com as minhas próprias expectativas foi o pior: com o "que merda fiz eu com a minha vida".
Os meus supostos consumiram-me tempo demais.
Esta é a primeira vez que me sinto mulher. Mulher à séria. Carreira incluída. Com força para o ser.
Sinto-me em paz. E, caraças, não me sentia assim há demasiado tempo.