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Aninhei-me no sofá à minha espera.
Já te amei horas suficientes para saber que eras o amor da minha vida. Se a tivesse escolhido viver pelos teus olhos cor de mel.
O certo, para a pessoa mais errada.
Já me amo há vidas suficientes para saber que nunca íamos sair da soleira da porta de entrada de um futuro que não era o meu.
Não me posso esconder quando o universo está tão cheio de letras por conjugar.
Como lidas com a vida se não a escreves?
- O que sentes? - perguntou ele.
Tudo. Às vezes nada. Mas, por norma tudo. Muito depressa. Também me sinto muito acordada. E muito cansada. Gostava de dormir. Tu também? Mas, nunca fui muito boa a parar.
Sinto-me pronta para outra. Sabes? Afinal, qual é a graça de parar?
Encolhi os ombros, e sorri.
- Sinto que é hora de me pagares um café
Os dias passam, tropeço neles e continuo a correr. Aos trambolhões, de má cara, peito aberto, braços estendidos.
Fujo das letras, com tanta pressa como com a que fujo do que sinto.
E avanço. Nunca sei onde vou. Nunca paro pelo caminho.
Porque a nu, olho e corpo, a única coisa que visto é cansaço.
É a esperança o sentimento mais bonito e puro de todos.
Não te quero chamar pelo nome, Essa intimidade dar-nos-ia confiança aos dois. De eu te conhecer e tu me achares tua.
Não tomemos a liberdade de darmos esse derradeiro passo em frente.
Se te cair nos braços, não mais me volto a erguer. Estamos ambos cientes disso.
Deixa-me fingir que não te sinto o aroma, o sabor salgado a mar, na boca. Que não me apertas o coração quando te penso. Que me entorpeces a mente quando te pressinto.
Deixa-me continuar a fingir, que não te tenho a respirar-me no pescoço, que não te guardo no bolso da camisa, imaculadamente branca. Que não te sinto, medo.
É o mar em que me deito, á noite, na esperança de não acordar.
São os fantasmas que me beijam a pele, as ondas turvas que me acariciam o corpo.
São as trevas que fujo com sol alto. São as letras por escrever que carrego ao peito.
São as noites que passo em claro, deitada a teu lado, enquanto fujo de tudo o que não quero sentir.
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