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Vila Real. 

publicado às 22:40

O jornalismo sensacionalista

por Marina Ricardo, em 13.03.15

Às vezes tenho pena do jornalismo em Portugal (minto, tenho muitas vezes - ok, tenho quase sempre pena do jornalismo em Portugal).

Tenho pena. O jornalismo de Portugal é mauzinho... Andei anos a estudar para saber fazer bom jornalismo, e agora chego cá fora e vejo afinal estudei a coisa de forma errada.

Na maior parte das vezes as coisas são mal apresentadas ao público. Ou, reformulado, as coisas são apresentadas da forma que as tornar mais rentáveis para a publicação ou canal que as apresenta.

O jornalismo pode ser uma atividade estupidamente mal paga, mas também é uma das que move mais dinheiro.

Em Portugal é estupidamente fácil controlar a opinião pública por isto mesmo: temos opiniões em massa, ideias erradas e pensamentos dúbios à conta desse jornalismo de pasquim, a esse sensacionalismo desmedido.

O caso da pilula Yasmin é isso mesmo: uma coisinha muito mal contada, ou, contada de forma o organismo que a difunde quer.

Se acho que é grave? Até pode ser. Se há um erro na produção da pilula, se há ali alguma coisa de errado com as doses dos componentes. Se tem efeitos nocivos mais imediatos do que as suas semelhantes.

Mas, também cada pessoa é uma pessoa. Há gente cujo corpo reage mal a certas substâncias.

Há países que já suspenderam a venda da Yasmin (a França, por exemplo). E, conheço médicos que já não a prescrevem (o que nem faz mal porque as farmácias vendem-na na mesma).

Pode não haver nada de errado com a Yasmin. Ou pode estar tudo errado com a Yasmin.

Alguém tem que analisar o caso com seriedade. Alguém tem que esquecer os benefícios de se ter uma grande farmacêutica do seu lado e estudar.  Examinar. (Atrevo-me a dizer que se não estivéssemos a falar de uma grande farmacêutica algumas coisas seriam diferentes).

Claro que todas as mulheres sabem os malefícios, ou possíveis malefícios da pilula. Mas, também não acho muito justo que todas nós nos sintamos, no exagero, no cimo de um penhasco depois de a tomarmos; morro hoje, ou posso morrer amanhã.

Na maior parte das vezes, a pilula é receitada sem a mínima análise da paciente. Há milhentas pilulas. Há milhentas quadridentes de hormonas diferentes em cada uma delas. Existem para poderem responder às necessidades das mulheres. Mas, raramente sabemos se aquela é a certa ou não.

Está na altura de termos mais responsabilidade. Os médicos, as farmacêuticas, as farmácias, e nós, mulheres, acima de tudo.

Dispenso o jornalismo sensacionalista, que quer criar pânico. Quero informação fidedigna. Quero informação que me seja útil. Quero que me digam as informações verdadeiras e comprovadas e não que me deem opiniões que devo seguir. Posso continuar a sonhar, não posso?

publicado às 19:17

E Cá Está Mais Uma #35

por Marina Ricardo, em 12.05.14

Nova Crónica!

O meu Jay levou uma tareia, eis a explicação.

 

publicado às 23:47

E Cá Está Mais Uma #33

por Marina Ricardo, em 09.03.14

Nova Crónica!

 

publicado às 22:47

Jornalismo - outra vez

por Marina Ricardo, em 07.02.14

Hoje estávamos a almoçar, com a televisão como barulho de fundo, quando soltei a frase “o jornalismo deprime-me”.

A minha mãe, sentada a meu lado, sabendo bem a filha que fez nascer, arregalou-me os olhos. Ela sabe que tenho sempre opinião sobre tudo, mas, igualmente sabe o amor que eu tenho pela área que estudei.

Porém, eu não estava a mentir: o jornalismo atual deprime-me.

Tenho uma paixão pelo jornalismo. Coisa antiga que nem sei bem como nasceu. Se calhar nem nasceu, nasci eu e a coisa deu-se.

Já amava, sem saber, as letras, quando, um dia, percebi que era a rádio que me fazia suspirar. Quis tanto ser boa em rádio, que na primeira vez que experimentei, senti tantas borboletas no estômago que pensei que não era capaz. Mas, fui. E era boa no que fazia.

Amei cada segundo em que, noite adentro, estive na rádio – aquele espaço maravilho e quentinho que tantas coisas me ensinou. Da mesma forma que hoje guardo com saudade todas as noites que passei em claro a escrever noticias, a editar peças, a magicar guiões de programas, a pesquisar informações para entrevistas. Ao fim de algum tempo, as coisas saiam de mim de forma natural e eu sabia que era amor.

Esta narração pseudo-romântica é bonita, mas, já não me aquece os dias – aquece-me a memória e nada mais.

Na universidade estudei muito o passado do jornalismo, como nasceu, como cresceu, de que forma deu os primeiros passos. Lembro-me também, de nos ensinarem que o jornalismo assume a função de quarto poder. Na altura, não dei grande valor a nenhuma destas matérias. Estudei-as, debitei-as, nada mais. Não me apercebi que, de facto, o jornalismo tem poder. Real.

Assusta-me olhar para a televisão e ver noticia completamente destruturadas, coisas sem pés nem cabeça, casos sérios, tratados da forma mais irresponsável e leviana possível. Escava-se a carne de quem sangra – em direto, na tv. Nos jornais fazem-se capas de bradar aos céus, quais revistas cor-de-rosa (nem vamos enveredar por esse caminho…).

E, depois não se estuda como se deve, não se faz o trabalho de casa. Dá-se opinião. Ou, então censura-se. Usurpa-se informação e apimenta-se a coisa. Vende mais. Rende mais.

E, depois é difícil lá entrar quando o nosso pai é Sr. e não Dr., e quando somos pobres e regime de voluntariado não enche barriga (procura-se jornalista em regime de voluntariado para estágio não remunera de, no mínimo seis meses. OK.).

Sinto o cheiro a dinheiro alheio, a luta por audiências, a manipulação sempre que olho para a televisão. No carro, a caminho do trabalho, desligo o rádio, e ligo o telemóvel em alta voz, naquela música reconfortante, ao som da qual chorei no outro dia – mais vale; pelo tempo da viagem só ouvia publicidade.

O jornalismo, os donos do jornalismo, estão a matar o sonho que sonhei. O sonho que outros antes de mim, sonharam. O jornalismo deprime-me. O coitado não tem culpa – tem maus pais e ninguém pode escolher a família onde nasce.

 

(aquele tempo em que eramos jornalista felizes)

 

publicado às 23:57

Jornalista de Supermercado #dose de humildade

por Marina Ricardo, em 16.01.14

Uma vez fui a uma reunião de condomínio com a minha mãe e este deve ter sido um dos piores erros da minha vida (da minha mãe também, uma vez que, depois deste episódio fatídico dos nossos dias, nunca mais lá pusemos o nosso pezinho).

As reuniões de condómino são mais ou menos como uma gala da casa dos segredos, mas, a acompanhar os piiiiis vem um Sr. Dr. Senhor-doutor.

AH! O que não gostam os vizinhos de se tratar por senhores doutores! Ou então “Eu sei, Sr Dr. Eu sei porque sou advogado” (o meu prédio tem mais advogados que um tribunal em hora de ponta!).

As pessoas gostam dos títulos. Gostam. Não se importam que os mandem abaixo de Braga, se no local lhes chamarem senhores doutores. A mesma coisa dos cognomes – coisa essa que não resolve vida nenhuma (se tínhamos aquelas dividas à empresa dos elevadores, com elas ficamos), acontece nas reuniões de pais na escola! Outro mimo! Se for então o aluno filho da senhora-professora-x! UI! As horas de conversa que isso não dá, quando só lá fomos para assinar o papel das notas de final de período!

Os doutores e engenheiros ainda movem mentalidades. Como se depois de um curso universitário, nos mudassem o nome. Vamos ao registo, canudo debaixo do braço, e mudamos o nome de Marina para Doutora. Pronto. Assunto resolvido.

Esta coisa dos títulos sempre de deu comichão. Acho que, quase sempre, a associei a coisas menos boas. Não me incomoda, nem me chateia que cada um seja distinguido pelo seu mérito académico, mas, com toda a sinceridade, pouco me importa se estou a atender um pedreiro ou um médico na caixa. Dou igual tratamento aos dois. Isso parece deixar muita gente de mau feitio – azar. Também nunca obriguei ninguém a tratar-me com Dr., pois não?

Um tratamento não muda quem somos, e o nosso propósito na vida ativa. Ou e melhor não devia mudar. É normal ouvirmos reclamações, seguidas de um “sou médico” ou o tal “eu sei porque sou advogado”.  E, ainda me parece normal que ao referir destas frases as pessoas se encolham, baixem a cabeça e deixem passar.

Suponho que enquanto as mentalidades não mudarem, e, muitos dos senhores-doutores, acharem que merecem mais-valias, continuamos sem seguir para o caminho certo. Enquanto, não se servirem doses de humildade, largas doses, em muitas refeições, de muitas casas portuguesas, não conseguiremos andar para a frente. E, é pena… 

 

 

publicado às 23:27

centésimos

por Marina Ricardo, em 15.09.13

Só me percebo quando me quebro, quando me desmonto sob mim mesma, antes de explodir.

Naqueles centésimos de segundo antes de a boca se abrir e me saltarem farpas por entre os dentes. Naqueles momentos em que, perdida dentro de mim, aturdida por uma raiva instantânea, tomo a decisão, mais ou menos racional, de matar ou sorrir.

É aí que me conheço, me reconstruo, me percebo. É aí que ajusto as peças deste confuso puzzle que sou, em que me torno dia após dia. É aí, nesse limbo entre o explodir e o amainar que tomo consciência de quem sou e de como tenho crescido. De como quero crescer.



publicado às 23:27

Para os recém-caloiros (que eu já estou velha)

por Marina Ricardo, em 08.09.13

Espero que tenham tido a mesma sorte desta que vos escreve: que possam estudar o que sempre quiseram e que descubram a cidade que vos trará as melhores memórias de sempre.

Esqueçam tudo o que sabem e preparem-se para começar a viver e a crescer. Abram as portas aos melhores anos da vossa vida (não é moralismo barato, é mesmo verdade) e aproveitem o melhor que souberem estes tempos, porque, no fim tudo o que prevalece são as coisas boas (e as saudades).

Não desesperem: a empreitada não é fácil, mas a construção, depois de concluída, é maravilhosa.

E, não se esqueçam de serem felizes: se ainda não o estão, procurem a felicidade - essa malandra anda sempre por aí escondida.

 

(Ai as saudades, as saudades...)

publicado às 00:07

Perdoem-me, mas, há merdas que têm de ser ditas.

por Marina Ricardo, em 15.07.13

A droga é uma merda. Não há outra maneira de pôr as coisas: a droga é mesmo uma merda. Não há sequer outra palavra a ser usada neste contexto. Dizer que droga é má não basta, dizer que é uma porcaria nunca será suficiente.

Lidei (e talvez ainda lide) com o drama da droga de perto. Sei o que faz, como faz e o que quer fazer.

Nunca se deixa de ser um dependente por se ter deixado a merda da droga. A droga apodera-se das pessoas, das famílias, vai ao cerne dos seres humanos e começa a cortar carne sã e necessária. Mata – a merda da droga mata mesmo. Mata mães, pais e filhos. Mata quem consome e quem vê o seu filho ser consumido por ela.

Não adianta dizermos que é só uma vez, que é só para experimentar: a merda está feita, e nós nela.

Por isso, não façam merda: afastem-se dela em passo de corrida. Sejam mais fortes e melhores que a merda da droga...

Porque não há outra palavra para descrever a droga. A droga é - mesmo -,uma merda.

 

A droga hoje levou mais, muitos mais. E levou também o Cory.

publicado às 00:00

Cola

por Marina Ricardo, em 24.06.13

Dizem que ficamos de coração partido quando alguém nos morre. Eu acho que ficamos sem coração. Como se aquele orgãozinho vital tivesse sido engolido pelo estômago, deixando-nos com dores generalizadas.

Andamos dias sem o sentir - sem nos sentirmos, e sem nos importarmos com isso.

Aos poucos e aos pedaços, o nosso estomago vai digerindo o coração e libertando outros bocadinhos que se reposicionam entre pulmões. 

Mas, no meio deste processo há sempre peças deste puzzle de coração que se perdem. Que não mais voltam. Que morreram com quem nos morreu.

A dor não passa, amaina e vamo-nos acostumando com ela e com as ausências de quem nos morreu. O coração - partido, é preenchido por quem perdemos - as lembranças são a cola. Sempre serão.

 

publicado às 15:57


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