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Não sei

por Marina Ricardo, em 16.05.15

Não sei aceitar a morte. Finjo que sei. Vivo a pensar que sei. Mas, a verdade é que não aceito. Não aceito e não compreendo.

Quero achar sempre que hoje dói menos que ontem, mas, há dias em que tudo me dói mais do que na soma de todos os dias que precederam a este.

A perda é um processo que nunca acaba. Não perdemos só ontem. Também perdemos hoje e é certo que  perderemos também amanhã. E depois. E depois. E depois....

Queria ser adulta. Grande o suficiente para encarar a morte como um passo certo no percurso. Do meu percurso e do percurso de todos os que amo.

Não sei aceitar a morte. E, há momentos do meu dia em que a saudade mata. Mata-me a mim.

 

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publicado às 01:40

25 de Abril

por Marina Ricardo, em 25.04.15

Acho sempre que os meus anos de gloria são os três anos universitários. Os três melhores anos.

 Claro que o meu cérebro fez o favor de apagar todos os momentos menos felizes- só guardo as coisas boas. As viagens atribuladas, o perder o autocarro todas as manhãs, as cristas de galo que comia antes de chegar a casa, os jantares tardios, os hambúrgueres da promoção, as pizzas do Big Bob, a (sempre) falta de dinheiro, o contar os trocos para o almoço, as marmitas, o parque corgo, os vídeos do Sei Lá, a irmã má e a irmã boa, os casamentos ilegais, as noites a cantar à luz da lanterna, não ter tv, nem internet, as bolas de Berlim da Tojeira as 3 da manhã, a Gomes, as idas ao cinema, o mercado, as caminhadas até à cantina. O calor dos dias que só matávamos em excussões às lojas de chineses com ar condicionado, as músicas de natal a entrarem pelo quarto cheio de posters. A residência, o amor e a amizade, o pior senhorio de sempre. As reportagens em todo o lado, todos os dias, o galinheiro das locuções, a rádio. As coisas difíceis. Os banhos em fontes públicas, as noites longas. A neve das manhãs. As aulas chatas. Os melhores trabalhos do mundo.

As minhas saudades chegam daqui a Vila Real. Vão chegar sempre- e sobrar, sobram sempre.

Queimei há três anos. A 25 de abril, há 3 anos, foi o meu cortejo académico. Posso ter feito sempre escolhas difíceis, mas porra, valeram sempre a pena.

Festejei a liberdade de viver um sonho a 25 de Abril, há alguma coisa que bata isso?

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publicado às 22:57

Marina - the original motion soundtrack #132

por Marina Ricardo, em 21.04.15

 

publicado às 23:00

Conto o tempo

por Marina Ricardo, em 19.04.15

Ainda conto as horas no teu relógio.

Espero que voltes. Conto o tempo que falta para te ver.

A cada hora, sinto que foi ontem. Sinto que foi há demasiado tempo.

Se fechar os olhos ainda te oiço. Chamas-me menina. Nunca mais me chamaram menina. Nunca mais me chamaram menina com o mesmo amor com que me chamavas. O nome prolongado nessa voz só tua.

Queria tanto contar-te. Contar-me a ti. 

Todas as células do meu corpo sentem a tua falta. Todos os dias. 

A perda já não me mata, conserva-me. Conserva-me nesta saudade que nunca me deixa. Que nunca me vai deixar.

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publicado às 22:17

Tu

por Marina Ricardo, em 22.05.14

És um céu cheio de estrelas depois de um dia de chuva. Uma promessa de sol. Uma nuvem que passa e leva o frio, que leva a sombra.

És a melhor memória que tenho, a melhor pessoa que conheço, o homem da minha vida. 

E, agora és infinito, festa e celebração. És a voz que evoco antes de adormecer, o sorriso que me fica quando fecho os olhos todas as noites.

És a melhor lembrança da minha vida. A minha maior saudade, falta e amor.

És meu. E eu tua menina. De sempre. Eternamente.

 

publicado às 23:17

um 25 de Abril

por Marina Ricardo, em 25.04.14

Às vezes, estou no trabalho e estou em Vila Real. Á minha frente tenho sacos de arroz e massa, e por detrás dos olhos estou na rua direita, ou no parque Corgo, ou no florestal. No complexo, quem sabe, algures na UTAD TV, ao pé da Câmara. Em casa, na minha rua.

Enquanto lá estou, a minha memória sorri. Eu sorrio. Por dentro.

Sempre que quero evocar uma memória feliz, penso em Vila Real. Não porque só tenha sido feliz ali, mas porque ali fui muito feliz.

Não me lembro das coisas tristes, daqueles momentos menos bons, das dores ou do cansaço. Lembro-me dos risos, das maluquices, lembro-me daquele Natal em que roubamos ornamentos das árvores da cidade porque queríamos o espírito natalício em casa, ou daquela noite em que roubei um pedaço de carpete vermelha da porta de uma loja por que não tínhamos um tapete na entrada. Ou aquele ramo de flores que deixamos secar porque dava um ar casa lá a casa. Ou daquela vez que fizemos uma espécie de vídeo clip para Last Friday Night e Peacock. Ou aquelas vezes em que fizemos diretas, ou conversamos horas e horas e horas sem fim. Ou vimos filmes. Ou fizemos noitadas e estudamos matérias ridículas.

Segunda-feira fez dois anos que queimei as fitas. Fitas essas que guardo religiosamente e que leio vezes a menos para a saudade não apertar. Hoje fazem dois anos que fiz o meu último cortejo académico. 

Estou a sorrir enquanto escrevo. A minha mente foge-me para Vila Real. E lá sou sempre feliz. Sempre.

 

 

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publicado às 19:00


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